Perry F. Finck, Ed.S.
Definição de “dislexia”
Nesse artigo, o uso da palavra “dislexia” se refere ao que ocorre a um indivíduo quando as letras e/ou os números de uma página parecem ser diferentes das letras e/ou os números que realmente estão na página. Ou, quando uma pessoa com visão não em túnel parece ter uma visão em túnel somente quando ela vai ler as palavras e/ou os números de uma página.
Uma fobia tem valor de sobrevivência
Através da história, o homem teve que lutar contra fenômenos naturais que exigiam uma ação direta e decisiva. Os exemplos seriam as enchentes passageiras, incêndios violentos, nevascas, furacões e assim por diante. Nós devemos tomar cuidado quando estas coisas acontecem. Se não, nós morremos. Ao mesmo tempo em que prestamos atenção ao problema, a nossa atenção fica limitada somente a este problema. O nosso campo de visão está confinado. Nós só enxergamos e vemos o grande problema. Quando ouvimos uma pessoa nos contar sobre o que sentiu numa situação de risco à vida, como estar envolvida num assalto à mão armada, ela diz que tudo viu foi um revólver e que ele era muito grande. Somente quando assistimos essas coisas de longe ou nos filmes, é que podemos ter uma visão mais ampla. É aí que nós podemos ver a grande imagem e a arma no seu tamanho real. Mas para os “disléxicos,” como para a pessoa colocada numa situação de risco à vida, tudo está distorcido.
Nós somos bem protegidos para sobreviver a um ataque e ainda permitir que os outros da nossa espécie também vivam. Conseqüentemente, o nosso cérebro lógico está mais afastado da mão dominante. Enquanto uma pessoa pode não sobreviver a um ataque, outras conseguem. Mais uma vez, os nossos cérebros ficam paralisados e temos um campo de visão limitado para sermos capazes de nos precaver contra o problema da ameaça à vida que está acontecendo.
Se você escutar uma pessoa, que esteve numa situação de risco à vida, contando sua história, muitas vezes vamos perceber que ela está tremendo ou re-experimentando aquela situação. Se prestarmos bastante atenção na maneira que uma pessoa “disléxica” lê, nós poderemos ouvir o medo na sua voz.
“Dislexia” é transmitida da mesma maneira que difundimos as fobias
Mais uma vez, como princípio de sobrevivência, nós percebemos que a criança imita o adulto. Historicamente, se a criança não fizer isto e se houver uma fera atacando, ela entregaria a localização do adulto e da criança. Através da imitação, é muito fácil ver que assimilar uma reação fóbica de um dos pais, numa tenra idade, é uma necessidade. Isso é um exemplo de fobia sendo transmitida para a criança, por assim dizer, de segunda mão. De uma maneira similar, o adulto que não consegue ler ou que tem grandes problemas com a leitura, pode transmitir o seu medo do mesmo modo que ele transmitiria o medo de uma fera ou de qualquer outro evento que poderia trazer ameaça à vida real. A criança vê o adulto tentando ler, tendo problema emocional com a leitura. Esse é um exemplo de como a fobia pode ser transmitida.
Hoje positivamente não é apropriado admitir ter medo. Se espera que enfrentemos os nossos medos e que sintamos prazer em enfrentá-los. As pessoas escalam penhascos, partem em divertidas cavalgadas e assim por diante. Mas como a criança, nós não somos suficientemente espertos para dizer que contraímos o medo como uma forma de proteger a nossa comunidade e a nós mesmos. No entanto, quando nos perguntam, é muito comum dizer que não estamos com medo, mesmo que estejamos. Isso é por causa da maneira que fazemos a pergunta para a criança, quando não damos nenhum espaço para que a criança responda de forma afirmativa. Nós perguntamos: “Você não está com medo da escola ou da leitura, está?” Como pode alguém responder que sim? Quando uma criança ouve a pergunta “Você teve um bom dia na escola hoje?,” como pode a criança dizer: “Não, eu estava assustada.” A criança é bastante inteligente para saber que se ela admitir que está com medo, vai se tornar alvo de zombaria. Ou talvez será colocada numa situação de terror com a enganosa crença de que ela irá amadurecer com isso. Ao invés de ajudar a eliminar o problema, essa ação somente atua para intensificar o problema.
Então porque a “dislexia” é percebida na nossa sociedade principalmente entre os meninos? Nós supomos que todos os meninos são iguais. Porém nós sabemos que não existem duas pessoas iguais, nem mesmo os gêmeos idênticos são iguais. Na escola, o professor é muitas vezes mulher e os professores são avaliados pela maneira que conduzem a classe. Manter todas as crianças sentadas ainda é essencial por que como alguém pode aprender se tiver uma interrupção? Há pouco tempo, talvez nenhum, para ensinar a criança como se comportar, e como pode uma criança fóbica se comportar se ninguém reconhece o medo que ela está experimentando? Portanto, o professor assume que a criança sabe como se comportar, e só grita a ordem de comportem-se, e nunca entende que aqui existe muito mais do que apenas uma disputa de desejos.
A “dislexia,” com certeza, responde aos métodos da PNL que tratam da fobia. Eu sugiro um swish visual. Eu o tenho usado com grande sucesso para aqueles com problemas de provas e até já o expus no “NLP Connection,” uma antiga publicação da The National Association of Neuro-Linguistic Programming. Eu também o usei em casos em que descobri a “dislexia” acidentalmente.
O método
O método funciona ao mover a pessoa um passo para fora do problema e permitir que a pessoa associe o medo a uma cor de sua escolha. (Eu descobri que quando eu escolho a cor para ela, a eficiência do método era de apenas 80%, mas chegava perto dos 100% quando a pessoa com problema escolhia a sua própria cor. Algumas escolhiam cores que eram exatamente a oposta da que eu escolheria e essas pessoas conseguiram sucesso porque as cores eram significativas para elas.) O uso da cor é fortalecido quando o indivíduo a associa a várias submodalidades diferentes. Eu pergunto pelas submodalidades questionando: a cor é brilhante ou opaca? A cor está perto ou longe, exatamente quão longe? A cor é densa ou tênue? A cor é forte ou suave? Quanto do campo de visão tem a cor? Pode ter qualquer cor associada com essa cor também? E se for sim, então eu examino as mesmas submodalidades com a nova cor. Esses exemplos não são importantes para mim, mas são essenciais para a pessoa com problema. Isso define para essa pessoa a amplitude e o alcance do problema e coloca limites indispensáveis no problema. Do contrário o problema abrange tudo e não tem limites ou início e fim.
Em seguida, uso o mesmo método para trabalhar com o que, as vezes, eu apresento como a “sensação oposta.” Ele escolhe uma outra cor para essa sensação e me informa. Esse sistema também pode ser usado eficazmente com um grupo. Num grupo, eu encorajo os indivíduos a não falarem em voz alta, dizendo algo como: “Cada um de vocês pode ter a sua própria cor e o que funciona para você pode não funcionar para a pessoa ao seu lado. Então use apenas a sua própria cor.” (Nota: não faz nenhuma diferença que cor alguém escolhe, ou uma das suas cores ou quais submodalidades que eles usam. Existe apenas uma exceção para o preto ser a cor boa porque essa é muitas vezes a cor escolhida por aqueles que querem escapar da realidade. Preto pode ser usado, mas isso significa que precisa ser feito mais trabalho com a pessoa. Somente as submodalidades precisam ter uma diferença significativa para eles. Eu tive um estudante que escolheu a mesma cor com diferentes submodalidades e o sistema funcionou.
A próxima etapa é fazer um pequeno quadrado num pedaço de papel grande. (Na parte inferior esquerda porque é lá que a maioria guarda as suas sensações.) Então digo para eles pensarem que a cor ruim está no espaço grande e que no quadrado pequeno está a cor boa. Faço eles irem primeiro para a cor ruim porque é isto que está mais forte na mente deles e também porque representa o problema deles. Só depois de definir o problema é que se pode trabalhar na sua solução.
Em seguida, eles devem se imaginar colorindo o espaço maior com a cor ruim usando lápis de cor e depois colorindo o espaço pequeno com a cor boa. Isso iguala as sensações deles: estão oprimidos pelas más sensações e com pouca confiança nas boas sensações. Neste ponto, eles devem colorir com a cor boa sobre a cor ruim de tal modo que não sobre mais cor ruim. Então faço com que repitam esse exercício três ou mais vezes. E depois, devem repetir o exercício mais três vezes usando uma pintura spray, o que torna o exercício mais rápido. Por último, eles fazem o exercício no computador onde todo o swish pode ser feito pressionando apenas uma tecla. Enquanto completam o ultimo exercício, eles devem fazer uma pausa entre cada swish e manter um sorriso no rosto até se sentirem bem, e depois exalar como num suspiro de alívio. Deste modo eu os obrigo a se moverem numa velocidade instantânea e ainda continuar, mais tarde, com a sensação.
Situações e estudo de casos
Eu usei esse método tantas vezes com sucesso que pensei que ele funcionaria em qualquer coisa. Mas eu estava errado. Ele não funciona quando uma pessoa sente que ela está AGORA numa situação muito ameaçadora e vê uma correlação direta entre o que está acontecendo agora na vida dela e o medo real. As vezes a pessoa vai relatar que não consegue reter a cor boa.
Eu tive o que inicialmente parecia ser um insucesso quando usei esse método com uma mulher que tinha um marido que abusava dela. Ao perceber que o método não estava funcionando, tentei outra coisa. Eu tentei a Terapia da Linha do Tempo e descobri que ela se sentia do mesmo jeito com o marido como ela se sentia com seu pai muito rigoroso, onde sempre nada estava certo. Ela correlacionava a situação com o marido com a primeira vez em que tentou aprender a ler com seu pai. De novo, sempre nada estava certo. A terapia da linha do tempo funcionou e permitiu que ela se sentisse uma pessoa significativa por seus próprios méritos. Ela não só abandonou o marido como também melhorou a sua leitura.
Eu tive um outro estudante que me contou que não conseguia visualizar. Eu expliquei que iria usar o método da cor para tentar relaxá-lo. Ele disse: “Como o método Lamaze?” Eu disse que sim, lembrando-me da máxima que diz que “a pessoa tem dentro dela mesma a capacidade de ser bem sucedida.” Ele usou o método Lamaze e começou ler o seu primeiro livro, menos de uma hora depois de tê-lo ajudado tanto da “dislexia” como do DDA. (Eu também usei os métodos do Dr. Don Blackerby para ajudá-lo a obter a imagem do que ele lia. Isso eu consegui fazendo-o desenhar num papel as imagens das frases elementares que eu escrevia no papel.)
Eu tinha um estudante, a quem eu estava ensinando a ler, que tinha múltiplos problemas. Depois de ver alguns resultados com essa técnica, ele assimilou a ferramenta e começou a usá-la em todos os seus problemas. Ele fez sem mudar as cores e sem me consultar. Só me contou como estava fazendo e como isso estava ajudando tudo na sua vida.
Eu não sei se esse método irá realmente funcionar melhor para aqueles com “dislexia” do que os outros métodos da PNL, ou mesmo os outros métodos de ajuda que podem ser usados para a fobia. Eu sei que ele funciona em menos de 10 minutos do início ao fim. O fato de ser rápido é uma grande vantagem para muitos que ficaram desanimados com tantos anos de tentativas infrutíferas para aprender a ler.
Em comparação, um dos mais velhos métodos que eu sei para ajudar aqueles com “dislexia” é o seguinte: primeiro, um optometrista irá ensinar o método de treinamento dos olhos. Os exercícios com os olhos servem para expandir o campo visual da pessoa com problema. O método as vezes funciona. Basicamente, a pessoa faz o exercício usando seus olhos, isso fortalece os músculos dos olhos e capacita a pessoa a ter um campo de visão mais amplo. Depois de muitas horas de prática e muitas viagens para aprender o treinamento, as vezes a pessoa tende a generalizar esse trabalho com aquele da leitura e não estará mais presa pela visão limitada quando for ler.
O desenvolvimento desse método
Eu usei primeiro o método do colapso de âncoras para aqueles que tinham problemas com provas, apesar deles saberem a matéria. Tive muitos obstáculos para compreender como ser capaz de trabalhar com somente uma pessoa de cada vez. Eu li sobre os índios americanos que usavam uma espécie do método Swish para curar doenças (usando pinturas na areia). Depois li sobre o conceito do swish para ajudar aqueles com fobias no livro “Transformando-se”. A partir dessas fontes, esse método parece ser natural. O método podia ser usado sem que eu precisasse estar lá e disparar as âncoras. Eu precisava criar a ponte para o futuro do problema e dizer: “A maioria de vocês não terá nenhum problema no futuro. Mas se um de vocês tiver algum problema, basta que você mesmo pressione a tecla do computador se você se achar numa situação em que precise fazer isto no futuro.”
Quando fui instrutor na Força Aérea, eu tive um estudante que trouxe sua esposa para que ela o ajudasse com os temas de casa. Eu não sabia que ele era “disléxico” porque ele nunca me disse. Ele somente me procurou quando fiz um anúncio de que poderia ajudar aqueles que tinham problemas com provas, mesmo quando sabiam a informação. No final, ele ficou tão agradecido que me deu a insígnia que havia recebido na conclusão do curso.
Mais tarde, tive outros dois estudantes, de quem eu ouvi muito medo nas suas vozes depois de ouvi-los ler em voz alta. Eu perguntei a eles qual era o problema? Eles me disseram que foram diagnosticados como “disléxicos.” Disse que podia ajudá-los se fossem voluntários. Eu os ajudei usando o método acima, e em menos de duas semanas, estavam lendo com a mesma velocidade e fluência do que os outros estudantes. No último dia com esses dois estudante, eu lhes perguntei o que tinham achado do método. Ambos disseram que era ótimo e que era melhor do que tudo que já tinham feito.
Eu me ofereci como voluntário para o “Learn to Read of Northwest Florida” (Aprender a Ler do Noroeste da Flórida) aqui em Pensacola. Eu descobri que o método era ótimo para muitos que nunca foram capazes de aprender a ler. Quando também apliquei o método do Dr. Don Blackerby, em que a pessoa faz imagens na sua mente do que lê, esses indivíduos foram capazes de prestar atenção no que estavam lendo mesmo com dúzias de outros falando em volta, enquanto eu ajudava a pessoa a ler. Eu ficava mais perturbado com as outras pessoas na sala do que os meus alunos.
Nós também podemos ler mais rápido
Muitos descobrem que precisamos expandir a nossa visão quando lemos mais rápido. Nós lemos devagar porque estamos com medo de perder algo. Também sub-vocalizamos pela mesma razão. E lemos nesta velocidade para garantir que entendemos como fomos ensinados quando estávamos na escola primária.
Os desenvolvimentos nesta área, em ordem cronológica, incluem: treinamento da visão, Evelyn Wood, Super Learning relatado por Sheila Ostrander e outros, Photo Reading e um método chamado de Olho Q. Todos eles tentam encorajar o indivíduo a relaxar. Somente o método do Super Learning parece fornecer técnicas que realmente foram projetadas para evitar diretamente o medo. Entretanto, se a pessoa se sentir oprimida pela música, esse método também fracassa.
Se você tem problema em ler rapidamente, pode querer experimentar um método rápido e fácil que pode lhe ajudar muito. Você pode encontrar o sucesso se simplesmente experimentar o swish como descrevi.
Artigo publicado na revista Anchor Point vol. 18 no. 8 (2005)